A - Apressado, verde de fome
Por comer cru e quente
Coloquei o carro na frente dos bois
E dei com os burros na água.
B- Não se comovam com a história desse moço. Ele finge ser bonzinho: por fora é bela viola mas por dentro é pão bolorento! Não aceitem as suas idéias, não caiam nas garras dos seus argumentos, resistam aos seus encantos, não se dêem por vencidos. Em outras palavras, ou seja, trocando em miúdos, se façam de rogados, saquem o babado!
CORO - Laranja madura
Na beira da estrada
Tá bichada, Zé
Ou tem marimbondo no pé.
A – Atravessei rios e mares
Dobrei o Cabo da Boa Esperança
Dancei conforme a música
Toquei conforme a dança
Andei na corda bamba
Fiz das tripas coração
E não consegui sequer uma solução
Pra essa dura realidade, que mais parece troça
Se quem espera sempre alcança
Eu nunca perderei a esperança
Quanto mais eu fico velho
Mais eu quero ser criança.
B – Volto a bater na mesma tecla: Deus não dá asas às cobras, formiga quando cria asas é porque quer se perder e pior cego, afinal, é sempre aquele que não quer ver. Se ele fosse tão bom mesmo saberia resolver um problema tão simples como esse: ser velho e estar criança. Que tema mais pueril! O mar da criação não está pra peixe não. E a criativiadade, coitada, cansou de procurar pistolão! Ninguém mais consegue conter a própria fúria quando vai ao pote? Agora é tudo nos tubos? Tanta gente gastou o verbo nessa área, arriscou... e petiscou muito pouco! E hoje, todo mundo leva o andor mais devagar, pois gato escaldado tem medo de água fria e, claro, porque o santo é de barro. Todos sabem que a pressa é inimiga da perfeição! Que devagar se vai ao longe, e que quem tudo quer tudo perde e que quem espera sempre alcança. Mas, esperar o que nesse banho-maria? Godot?
CORO – Crentes do cu quente:
Deus ajuda quem curte na madruga
Quem dá aos pobres cobra de Deus.
A FÉ CONTROLA MULTIDÕES.
C – Mesmo em casa de ferreiro onde o espeto é de pau, quem com ferro fere com ferro será ferido. Não pensem que adianta alguma coisa toda essa agitação, o destino já cuidou de arranjar as coisas. Cada um terá o seu pouco! O pouco com Deus é muito e o muito sem Deus é nada. Mais vale um pássaro na mão, que dois voando!
B – O que os olhos não vêem o coração não sente. A alegria vem das tripas-barriga-cheia... coração alegre! Se não for assim, não dá! Saco vazio não pára em pé e nhandu de tanto prestar favor, perdeu o rabo!
C – Irmãos, quem semeia vento colhe tempestades – e tempestade não escolhe idade. Conheço muitos como vocês, que foram buscar lã e saíram tosquiados!
B – Passarinho que come pedra sabe o cu que tem! Sem essa de papagaio comer milho e periquito levar fama! Papagaio velho não aprende a falar, quem não tem cão caça com gato e, assim, de grão em grão a galinha enche o papo!
